Pescadores avistaram uma criatura presa no gelo e surpreenderam-se com o que encontraram

De toda forma, até aquele momento, as coisas estavam indo muito bem. Era fato que o grupo estava um pouco atrasado, porém, nada desagradável havia ocorrido para isso. Inclusive, um mês depois desse acontecimento, Harrigan contou à revista People: "Nós começamos tarde [naquele dia]. Tinha uma estranha quantidade de gelo que havia nos impedido de partir".

Enfim, o dia estava sendo como qualquer outro. Com o barco The Northern Swan, os três seguiam em direção à cidade de Pinsent's Arm para abastecer. Contudo, à medida que a tripulação se dirigia a esse município costeiro, o dia deles transformava-se de comum a extraordinário.

A aproximadamente 6,5 km da costa, eles avistaram um notório iceberg o qual parecia com um cogumelo. Entretanto, não foi somente isso que chamou a atenção desse trio. Algum tipo de animal parecia estar preso ali... e aparentava necessitar de ajuda.

Dessa maneira, o iceberg flutuava no mar carregando um animal preso e em perigo lá em cima. De início, a tripulação pensou que poderia ser uma foca. Todavia, se esse fosse o caso, por que ela não havia mergulhado na água e nadado até um local seguro?

Simples: porque não era uma foca - nem qualquer outro tipo de criatura marinha. Logo, por não ser um nadador nato, o vulnerável animal estava preso naquele iceberg sem chance de resgate. Isso, claro, se a tripulação do The Northern Swan não houvesse aparecido.

Por sorte, Harrigan, o parceiro dela, Cliff, e o filho dele, Alan, estavam preparados para enfrentar essa tarefa. Afinal, ao que parece, o trio não pode passar por ali sem antes socorrer esse animal, deixando seus próprios compromissos de lado. No entanto, a missão de resgate não foi tão fácil...

A verdade é que os icebergs podem ser bem perigosos. A propósito, alguém se lembra de "Titanic"? Pois é, estas congeladas estruturas apresentam-se instáveis às vezes. Dessa forma, pedaços de gelo podem romper-se e espatifar-se ao seu redor. Isto significa, portanto, que as pessoas devem evitar se aproximar para não serem atingidas pela queda de detritos.

Além disso, a água costeira da província canadense de Terra Nova e Labrador possui muitos icebergs. Porém, apenas uma pequena parte deles, cerca de 10%, vem realmente da região do Ártico canadense, sendo o resto proveniente das geleiras da Groenlândia.

Contudo, seja qual for a origem dos icebergs, a província de Terra Nova e Labrador acabou com muitos deles. Inclusive, por ter tantos na região, os residentes de lá passaram a utilizá-los de curiosas maneiras. Por exemplo, a água dos icebergs é usada na produção de bebidas alcoólicas, como cerveja, gin e vodka.

Aliás, em abril de 2017, um iceberg próximo de Terra Nova e Labrador impactou a região. A estrutura era enorme, tanto que as pessoas podiam ver das margens do pequeno povoado de Ferryland. O prefeito da cidade também falou sobre o assunto com a agência de notícias The Canadian Press. Ele afirmou: "É o maior que eu já vi por aqui".

Desse modo, o iceberg de 45 m de altura tornou-se uma sensação, trazendo muitas pessoas da região para Ferryland. Ao postarem fotos do iceberg, os turistas chamaram bastante atenção na internet: o mundo todo olhava para essa pequena cidade canadense.

Assim, 2017 foi um grande ano em relação aos icebergs que se encontravam ao norte do Oceano Atlântico. Os especialistas registraram uma maior quantidade de icebergs naquele período e informaram que esse aumento ocorreu por dois motivos. O primeiro envolve a inusitada intensidade e direção dos ventos, favorecendo o aparecimento de icebergs na área. Já o segundo abrange o aquecimento global, levando a separação das geleiras da Groenlândia.

Independentemente disso, os icebergs são fascinantes. Tais estruturas podem apresentar impressionantes túneis, traços de cores e pedaços congelados de rocha. A propósito, sabe-se que alguns animais ficam até mesmo presos e mantidos dentro desses flutuantes blocos de gelo.

Pois é, quando se está diante de um iceberg, você nunca terá certeza do que está prestes a encontrar. A tripulação do The Northern Swan ainda estava em choque quando avistou a criatura presa no iceberg. Então, ao se aproximarem, tornou-se evidente que a identidade do animal ferido não tinha nada a ver com o que eles haviam pensado inicialmente.

Alguns dias após o dramático acontecimento, Harrigan relatou ao site The Dodo: "Achávamos que era um bebê foca". Todavia, essa teoria foi dissipada logo que eles chegaram um pouco mais perto do animal. Portanto, se não era uma foca, o que era?

Para a surpresa desses três pescadores a bordo do The Northern Swan, a criatura não era um animal marinho. Aliás, não era nenhuma espécie que se esperava encontrar tão longe no mar. Como Harrigan contou mais tarde a People: "Era uma pequena raposa-do-ártico".

As raposas-do-ártico tendem a viver dentro de tocas. Dessa forma, a questão é: como ou por que uma raposa-do-ártico foi parar em um iceberg no meio de um mar gelado? Bem, Harrigan declarou ao site Bored Panda que Cliff possuía suas próprias reflexões sobre o assunto.

Harrigan expôs: "Provavelmente, [a raposa-do-ártico] ficou presa ao procurar por alimento. Cliff pensa que ela saiu [da toca] para conseguir um pouco de carne e o gelo se partiu, levando a fofa raposa mar adentro". De fato, esta teoria é bem convincente.

Inclusive, as raposas-do-ártico costumam ser criaturas resistentes; bem adaptadas às rigorosas condições da região ártica. As pequenas orelhas, as felpudas patas e o minúsculo focinho ajudam esse animal a sobreviver em temperaturas mínimas extremas. Entretanto, mesmo assim, essa raposa parecia estar em apuros quando o trio do The Northern Swan a encontrou.

A raposa estava fria e desnutrida, perto de perder a vida. Embora Harrigan e os Russell tenham se comovido com o sofrimento daquela criatura, eles estavam um pouco receosos em resgatá-la. Afinal, além dos riscos de se aproximar de um iceberg, também havia o fato da raposa-do-ártico ser um animal selvagem - como ela poderia reagir à presença deles era um mistério.

Determinados, no entanto, esses pescadores agiram na esperança de salvar a vida da raposa. Dessa maneira, eles seguiram em direção ao iceberg e tentaram atrair o animal para dentro do barco. Porém, como Harrigan informou ao Bored Panda, a raposa-do-ártico estava relutante em trocar o iceberg pela embarcação.

Harrigan esclareceu : "De início, [ela] estava tentando fugir de nós, foi por isso que tivemos dificuldades para colocá-la a bordo". O animal deve ter ficado bem confuso com o que estava ocorrendo. A propósito, caso a raposa-do-ártico houvesse reagido com violência, teria sido uma situação muito preocupante para a tripulação.

Contudo, o trio colocou suas preocupações de lado para concluir o resgate. Se eles deixassem o animal, ele logo morreria. Harrigan chegou até a dizer ao The Dodo: "Sabíamos que éramos sua única chance de sobrevivência, uma vez que os ventos haviam mudado e estavam levando todo o gelo para o alto-mar".

Todavia, a raposa-do-ártico também estava determinada. Portanto, os três precisaram agir de outro modo para controlar a situação. Harrigan, aliás, explicou a People o que eles fizeram: "Tivemos que quebrar o pedaço de gelo em que ela estava para que pudéssemos colocá-la na água e pegá-la com a rede de pesca".

Uma vez que o animal se encontrou na água gelada, ele lutou até perder suas forças. Só então eles conseguiram puxá-lo para dentro do barco. Assim, montaram uma cama temporária para que a raposa-do-ártico descansasse e se recuperasse.

Harrigan mencionou a People: "[A raposa] rastejou para um canto e lá se encolheu. Tentamos alimentá-la com batata chips e biscoito de água e sal, tudo o que tínhamos ali, mas ela ficou sem comer por um longo tempo". Isso era alarmante, visto que o animal precisava se nutrir urgentemente.

Dessa forma, os membros da tripulação temiam que seus esforços de resgate pudessem ter sido em vão, já que a vida da raposa-do-ártico parecia estar por um fio. Entretanto, a criatura acabou por deitar-se na cama de serragem, lugar este em que ela pode descansar e se aquecer.

Inclusive, Harrigan relatou a People que a raposa havia adormecido de imediato ao se aconchegar em sua improvisada cama. Depois, levaram horas até que ela despertasse, sendo isto uma prova das terríveis tensões que tal animal suportou enquanto esteve preso no iceberg.

Por fim, a raposa-do-ártico acordou e, conforme Harrigan expôs ao Bored Panda, ela finalmente se alimentou. Harrigan mencionou: "Durante as primeiras cinco ou seis horas, ela não comeu. Nós demos batata chips e biscoito de água e sal, porém ela não quis nada... Até acordar, daí nós a alimentamos com salsichas enlatadas".

Agora que esse trio havia demonstrado ao animal que estavam tentando ajudá-lo, ele parecia mais tranquilo. Dessa maneira, a raposa-do-ártico tinha, enfim, comido e dormido após um longo período. Assim, quando o barco chegou a terra, ela foi libertada.

Apesar de não termos como definir exatamente quanto dias o animal ficou preso no iceberg, a aparência dele fornecia uma pista. Harrigan compartilhou com a People: "Mais tarde, um amigo nosso nos disse que uma raposa-do-ártico deveria ter pelos de tonalidade marrom nesta época do ano. O fato da pelagem ainda ser quase toda branca era um indicador de quanto tempo ela esteve [sobre o iceberg]. Pode ter sido semanas".

Para esclarecer, as raposas-do-ártico possuem uma característica muito útil e importante que é a de camuflagem sazonal. Logo, durante o inverno, elas ostentam pelos brancos a fim de se camuflarem no ambiente repleto de gelo. No entanto, quando o verão se incia, a pelagem passa de branco a marrom ou cinza para camuflarem-se no local após o derretimento do gelo.

Então, estas adaptações auxiliam a raposa-do-ártico a caçar suas presas, as quais são, no verão, aves, roedores e peixes. Contudo, com a chegada do inverno, torna-se difícil encontrar fontes de alimento. Devido a isso, a raposa tende a recorrer ao rastreamento de ursos polares na esperança de coletar algumas de suas sobras.

Desse modo, ao que parece, essa raposa-do-ártico ficou presa naquele iceberg em razão de sua caça por alimento. Em uma tentativa de sobreviver à fome, esse animal foi colocado em uma situação ainda mais complicada. Felizmente, esses bons samaritanos chegaram a tempo.

Caso a tripulação não a socorresse, essa raposa-do-ártico provavelmente teria acabado em alto-mar, sem nenhuma chance de chegar viva a terra. De acordo com Harrigan: "Os ventos mudaram para sudoeste. Portanto, se não a tivéssemos encontrado naquele momento, ela seria levada mar adentro".

Todavia, a sorte - e um prestativo grupo de pessoas - interveio e a raposa-do-ártico conseguiu sobreviver a essa difícil experiência. A propósito, depois que o animal se alimentou, os pescadores o libertaram para viver sua própria vida mais uma vez. Ao The Dodo, Harrigan comentou: "Nós o deixamos em uma velha casinha de cachorro. Ele se sacudiu e pronto!".

Após tudo isso, as pessoas ainda podem vê-lo vagando pela área onde foi libertado. Aliás, como Harrigan falou a People, ela nunca precisou se despedir de fato dessa raposa-do-ártico. Harrigan revelou: "Ainda podemos vê-la de vez em quando correndo pela ilha atrás de pequenos animais".

Devido à sofrida situação que vivenciou, essa criatura tornou-se uma celebridade. Dessa forma, ainda que relativamente falte internet na atual área habitada por esta raposa-do-ártico, a história de seu resgate tem sido divulgada pelo mundo todo.

Seja como for, Harrigan encantou-se pela pequena raposa-do-ártico que ela ajudou a salvar daquele perigoso iceberg. Inclusive, Harrigan declarou a People: "Sabíamos que nossa amiguinha viraria o assunto da nossa pequena comunidade, mas jamais esperávamos que ela se tornasse notícia ao redor do mundo! Estamos muito contentes".